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Arquitetura e Vidro

Diamante Negro

Fachada residencial na Suíça combina vidros insulados, concreto aparente e esquadrias de aço pintadas de preto

29/05/1965

Uma casa de 83 m², erguida no topo de um morro pequeno e íngreme, tornou-se destaque no portfólio do escritório L3P Architekten pela forma inovadora com que os arquitetos souberam aproveitar o pequeno espaço disponível, explorando sobretudo recursos de amplitude e integração visual proporcionados pelo vidro. A casa foi erguida em meio a um vinhedo em Dielsdorf, cidadezinha suíça no cantão Zurique, com menos de 6 mil habitantes. “Tanto o formato quanto as dimensões e as características topográficas do terreno não comportariam um projeto residencial clássico, com fechamentos sólidos e áreas de circulação e acesso convencionais”, comenta o arquiteto Boris Egli, sócio do escritório e membro da equipe que assina o projeto.

 

Para garantir conforto em uma região de temperaturas extremas, a escolha dos vidros recaiu sobre unidades duplas instaladas em perfis de corte térmico

 

 

O grande desafio dos arquitetos do L3P Architekten foi criar um projeto acessível e confortável para morar, usando o espaço de forma criativa e inteligente. Com uma proposta arquitetônica pouco usual, os autores da Rebberg Dielsdorf House chegaram a um projeto visualmente atraente, em um terreno originalmente considerado impróprio para construir uma residência.

 

Na fachada, que assume o aspecto de uma escultura cristalina, multifacetada e espelhada, dependendo do ângulo de incidência dos raios solares sobre suas superfícies quase 100% envidraçadas, três elementos são protagonistas: vidro, concreto e aço. Embora pequena e estreita, a edificação se ergue imponente e aparenta dimensões bem superiores às suas medidas reais. Paradoxalmente, ela ocupa um pequeno e estreito pedaço de terra de inclinação acentuada, e foi construída até o limite permitido pelo declive do morro.

 

“A estrutura da casa e seus espaços internos foram concebidos como um único elemento, o que exigiu um diálogo próximo e interdisciplinar entre os arquitetos e os engenheiros responsáveis pela edificação”, observa Egli. Composta por concreto reforçado e caixilhos de aço pintados de preto, a estrutura de sustentação dos vidros torna-se onipresente. “O sistema de suporte foi pensado e desenvolvido de dentro pra fora”, afirma o coordenador de engenharia Urs Oberli. “Internamente, paredes, quadros, estantes, teto e pisos são parte do esqueleto estrutural da casa”, acrescenta. “A casa foi reduzida a elementos básicos. O concreto aparente é complementado pela mobília artesanal e pelo manto de vidro que envelopa a edificação”, completa Egli.

 

Vista de fora, a casa evidencia um design que foge das convenções. As formas angulares e o uso amplo e irrestrito do vidro nas janelas que percorrem a fachada de ponta a ponta estabelecem uma linguagem arquitetônica bastante peculiar. As aberturas envidraçadas permitem que a luz natural penetre e se espalhe por todos os ambientes a qualquer hora do dia, tornando o interior da residência radiante e oferecendo contemplações dos arredores.

 

O concreto aparente é complementado pela mobília artesanal e pelo manto de vidro que envelopa a edificação

 

 

A decoração, por sua vez, prima por soluções inteligentes, contemporâneas e, sobretudo, minimalistas, sem abrir mão de todo o luxo e conforto de uma casa moderna. O concreto aparente predomina em todos os cômodos, em composição com as superfícies envidraçadas e as estruturas pintadas de preto. Para quebrar os tons mais sóbrios, o roxo e o rosa marcam presença em alguns móveis e objetos, como sofás, armários e a rede da sala.

 

A estrutura dos caixilhos é iluminada por luzes de LED incorporadas ao invólucro do edifício. “Ao deslocamento de um cômodo para outro, as luzes se acendem, como que indicando o caminho, como se fossem tochas contemporâneas”, afirma Thomas Schoch, autor do projeto de iluminação. Acompanhando a moldura das janelas, esses feixes de luz lançam efeitos difusos nos espaços internos.

 

Para garantir conforto em uma região de temperaturas extremas, a escolha dos vidros recaiu sobre unidades duplas instaladas em perfis de corte térmico. O valor U das unidades (o fator de perda de calor dos raios solares na passagem pelo vidro) é de apenas 0,60 W/ m2k. Fornecidos pela suíça Glas Trösh, líder de mercado no país, os vidros empregados foram da linha Silverstar Combi neutral 61/32, que combina propriedades de isolamento térmico e proteção solar, otimizando os níveis de transmissão luminosa.

 

Acompanhando a moldura das janelas, feixes de luz lançam efeitos difusos nos espaços internos

 

 

 

 

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