Fachadas para os novos tempos

Fachadas para os novos tempos

Capa: Fachadas para os novos tempos

Especializada em sistemas de esquadrias de alumínio e fachadas, a espanhola Strugal Aluminium situa-se entre as mais reconhecidas empresas do segmento, agregando know how europeu à oferta de sistemas customizados, com foco particular em obras de retrofit. Diretor da Strugal no Brasil, o engenheiro Mauricio Alves carrega bagagem similar à da empresa que representa e que coordena inúmeras obras de retrofit no País. Nesta entrevista a Vidro Impresso, ele compartilha sua experiência no segmento, trajetória iniciada há quase 30 anos, e enfatiza a importância crucial da adoção de sistemas avançados de envidraçamento de fachadas, como forma de adequar as construções às exigências dos novos tempos, sobretudo quanto aos aspectos do conforto e saúde das pessoas, da economia e preservação de recursos para as gerações futuras. 

 

 

O que o levou a se especializar em esquadrias e sistemas de alumínio para fachadas? 

 

Comecei em 1987, aos 17 anos, em uma extinta fabricante de esquadrias de alumínio para construtoras. Trabalhava como desenhista copista, na prancheta, numa época em que não tínhamos ferramentas avançadas como o CAD e sistemas integrados de cálculos sobre produção, logística, custos, receitas e despesas etc. Depois disso, passei por empresas de grande porte, como Alcan, Companhia Brasileira de Alumínio e Votorantim, entre outras. 

 

 

Como avalia a evolução dos sistemas de fachadas de alumínio no Brasil? Ainda estamos defasados em relação ao resto do mundo?

 

Acredito que sim. Ainda estamos aprendendo, mas já existe certo avanço. Se considerarmos os parâmetros europeus, podemos dizer que estamos no caminho certo. Os empresários, sistemistas, consultores e arquitetos nacionais têm buscado conhecimento em eventos internacionais, onde é possível testemunhar quanto os europeus se preocupam com a qualidade das esquadrias, especialmente em relação à sustentabilidade, ao desempenho térmico e acústico do produto. 

 

 

Como são projetados os perfis de corte térmico e com que vidros devem ser aplicados?

 

Eles são projetados para receber entre as camadas um perfil de poliamida, um termoplástico cuja função é inibir a transferência de calor para o lado interno ou a fuga de temperatura de dentro para fora. Nesse aspecto, mais eficientes ainda são os vidros duplos insulados, compostos por uma camada de vidro laminado, monolítico ou temperado, mais câmara de ar, mais outra camada de vidro laminado, monolítico ou temperado.

 

 

Esses sistemas não encarecem demais a obra?

 

Mesmo com todos os benefícios, as esquadrias na Europa não são tão caras se comparadas com uma janela de alto padrão nacional. Mas as normas de desempenho para o setor têm contribuído para que caminhemos rumo a um padrão mais elevado quanto ao conforto acústico e térmico. 

 

 

Como descreve a relação entre o segmento de vidros e o de esquadrias de alumínio?

 

Os dois caminham juntos. Apesar de serem produtos de segmentos diferentes, lá na frente os dois se completam. Não é possível executar uma porta ou janela de alto padrão sem utilizar um vidro que esteja à altura.

 

 

Qual a importância desses sistemas para atender às exigências impostas por certificações ambientais como Aqua, Leed e Procel?  

 

A certificação Leed, por exemplo, exige que o alumínio empregado seja no mínimo 80% reciclável, com certificação do extrusor. Os vidros também devem atender especificações de acordo com os critérios e valores estabelecidos.

 

 

As fachadas e sistemas de envidraçamento apresentaram avanços nos últimos anos. Quais considera mais significativos? 

 

Um dos avanços são os sistemas conhecidos como unitizados, que na Europa são chamados de modulares. Eles representam ganhos enormes em praticidade de instalação. Quando as lajes de uma obra estão sendo concretadas já é possível iniciar a instalação das ancoragens para receber os painéis unitizados. Na maioria dos casos, esse sistema também permite dispensar o uso de balancins, pois a instalação é feita por dentro da obra, com a utilização de gruas para içamento dos painéis. Outros métodos aplicados na Europa poderiam aperfeiçoar mais nossos projetos e métodos de instalação. 

 

 

Fale um pouco sobre o perfil e a história da Strugal.

 

A Strugal foi fundada em Sevilha há cerca de 40 anos. A empresa é uma sistemista de alumínio — onde se extrudam os perfis. Atualmente, a Strugal dispõe de 5 plantas de extrusão de alumínio, 6 linhas de fabricação de vedantes e borrachas EPDM, e 6 linhas de extrusão de poliamidas, além de uma planta para fabricação de painéis compostos de ACM, e uma planta para fabricação de sistemas em PVC. Além de Espanha e Brasil, está presente em Portugal, Polônia, Marrocos e Colômbia.

 

 

Qual o principal foco da Strugal no Brasil?

 

Trazer um produto diferenciado e com know how europeu no que se refere a tecnologia e sustentabilidade. Temos foco especial em obras residenciais de alto padrão e edifícios corporativos que buscam certificação em retrofit de construções com mais de 30 anos, e que requerem a substituição de esquadrias por sistemas que ofereçam melhor desempenho térmico e acústico.

 

 

Qual a diferença básica entre uma fachada convencional e uma fachada sustentável?

 

A fachada convencional tem como objetivo apenas fechar os vãos com perfis de câmara fria, ou seja, que não são projetados para reduzir os índices de troca de calor, e com vidros laminados refletivos porém não insulados. Já as fachadas consideradas sustentáveis adotam sistemas com corte térmico, que evitam a infiltração de calor. Em conjunto com os vidros insulados, permitem uma economia de até 50% com ar condicionado. Isso tudo, sem considerar que uma fachada sustentável pode receber placas de vidros fotovoltaicos para captação de energia solar.

 

 

O uso dos vidros de proteção solar pode ser considerado uma tendência sem volta em edifícios corporativos?

 

Não é mais possível construir fachadas com vidros que não filtrem os raios UV e o calor. Além de aspectos ligados ao conforto, vamos gastar muito menos com energia se tivermos um vidro de proteção solar.

 

 

Quais os tipos de vidros mais empregados em obras com sistemas da Strugal? 

 

Para fachadas, os mais usados são os laminados refletivos, com espessura de 8mm. Os laminados de 10 mm incolores são muito usados em escolas, por exemplo. Já os vidros duplos insulados costumam ser adotados em residências que buscam conforto acústico e térmico.

 

Como calcular a melhor solução em vidros e sistemas para obter o melhor desempenho acústico e eficiência energética?

 

Equacionar a melhor solução trabalhando em conjunto com o arquiteto estudando seu projeto, as necessidades e finalidades. O projetista deve estar atento para não superdimensionar, ou seja, para chegar a um custo-benefício que não ultrapasse a necessidade específica do projeto. Um sistema para um aeroporto, por exemplo, deve ser diferenciado de um sistema para um hospital, porém ambos devem seguir parâmetros de acústica e de eficiência energética. É por isso que existe a consultoria especifica para esquadrias de alumínio, que é a nossa expertise.