Fortalecimento conjunto

Fortalecimento conjunto

Capa: Fortalecimento conjunto

Instituição sem fins lucrativos, a Associação de Distribuidores, Processadores e Empresas de Vidros Planos da Bahia e Sergipe (Adevibase) foi constituída em novembro de 2010, com o intuito de defender os interesses do setor nesses dois Estados por meio de ações em favor de toda a cadeia produtiva do vidro. Quatro anos depois, a entidade colhe os frutos de um trabalho que tem focado, acima de tudo, o crescimento do segmento por meio de cursos, palestras e encontros para a apresentação de novos produtos e o debate de caminhos para o desenvolvimento conjunto. Desde março deste ano, quando foi empossada a nova diretoria da Adevibase, o comando da entidade está nas mãos do empresário Antonio Carlos Alves de Almeida, proprietário da beneficiadora Luzir Vidros. Para ele, a associação, embora jovem, já demonstra sua importância na atual dinâmica do segmento vidreiro na Bahia e em Sergipe, estados que reúnem 18 têmperas e que devem contar com outras duas até o final de 2015. A associação tem-se empenhado, também, em organizar cursos presenciais e on-line e para a disseminação de informações importantes a respeito de normas técnicas, integração empresarial e profissionalização de dirigentes e profissionais. Em entrevista a Vidro Impresso, o empresário fala sobre suas expectativas à frente da Adevibase em um momento em que o Nordeste desponta no cenário nacional com um avanço econômico acima da média das demais regiões e, no segmento vidreiro, recebe investimentos em volume inédito, com a implantação de novas fábricas e centros de distribuição.

 

Quando iniciou no segmento e o que o levou a atuar nessa área? 
Comecei em maio de 1976 com esquadria de alumínio e vidro. A atuação no setor de distribuição e têmpera foi motivada pela necessidade de ampliação na grade de produtos. 

 

Como descreve a evolução do setor em sua região? 
O setor passou por uma enorme evolução na qualidade dos produtos, assim como em sua aplicação e especificação. As mudanças mais marcantes foram o aumento no consumo de vidro, a ampliação na quantidade de têmperas, distribuidoras e a instalação de uma indústria vidreira no Nordeste.  

 

Qual o principal foco de seu trabalho à frente da Adevibase? 
Assumi em março de 2014, tendo como prioridade a união e capacitação do setor vidreiro. 

 

Que fatores levaram à iniciativa de constituir a Adevibase e como avalia a evolução da entidade desde sua criação, em 2010? 
A Adevibase foi criada pela necessidade de integração das empresas da Bahia e Sergipe, para discutirmos nossas dificuldades e juntos encontrarmos as soluções. Temos evoluído  de forma gradativa através da  conscientização de que a nossa união é importante para o fortalecimento da associação. Essa evolução tem se verificado  pela frequência nas reuniões, por meio de cursos, palestras e apresentação de  novos produtos.

 

Quais são os planos da entidade para os próximos anos? 
Estamos constituindo nosso sindicato patronal,  manteremos regularidade do Programa Capacita ADEVIBASE e prevemos ampliação da grade de  cursos oferecidos.

 

Qual o impacto dos investimentos recentes recebidos pela região, tanto para processadores como para a cadeia vidreira em geral? 
O Nordeste tem sido alvo de importantes investimentos em novas fábricas e Centros de Distribuição, como é o caso do CD da Guardian no Ceará, do forno C6 da Cebrace, na Bahia, e da nova fábrica da Vivix, em Pernambuco. A instalação das novas fábricas possibilitará melhor atendimento da demanda nacional. Teremos menos vidros importados, menos impostos a pagar e frete mais barato, itens que interferem no preço final do produto para o consumidor. Especificamente no Nordeste, esses investimentos nos tornaram mais competitivos, pela maior disponibilidade de produtos e melhor logística para reposição de estoques.

 

Qual o perfil das principais empresas vidreiras da Bahia e Sergipe? 
São empresas de pequeno e médio porte. Atualmente temos em operação 18 têmperas na Bahia e Sergipe, com previsão de implantação de mais duas na Bahia em 2015. O número de empresas tem aumentado em média duas ao ano.

 

Quais devem ser as principais ações da entidade para o fortalecimento do setor vidreiro na região?
A profissionalização do empresariado e a qualificação da mão-de-obra do segmento de vidros na Bahia e Sergipe são prioridades da Adevibase. Por isso, nossos esforços têm-se direcionado para montar uma agenda de cursos profissionalizantes gratuitos ou a custos subsidiados, em parceria com a Abravidro, nas diversas áreas técnicas da fabricação e manejo do vidro e suas ferragens e acessórios. Também temos apoiado iniciativas de fabricantes e revendedores, que, ao oferecerem cursos e treinamentos com boa qualidade, acabam dando uma importante contribuição para a qualificação da mão-de-obra local. Além disso, a Adevibase está se articulando com órgãos públicos estaduais e federais ligados à formação técnica, visando ampliar a oferta de treinamentos e capacitação.

 

Acredita que a limitação técnica da mão de obra representa um obstáculo para o desenvolvimento do setor vidreiro? 
A preparação de profissionais para a indústria do vidro é um desafio até para os grandes fabricantes, que estão investindo pesado no crescimento da produção nacional de vidros nos próximos anos. O setor tem recursos para investir em formação e qualificação e ainda conta com o apoio do Senai, universidades e centros técnicos de alto nível, localizados geralmente no Sul e Sudeste do Brasil. O problema é bem maior para os vidraceiros, distribuidores, instaladores e demais pequenos empresários do setor. A falta de instituições de formação técnica ligadas ao setor de vidro na Bahia e em Sergipe, em número compatível com as necessidades do mercado, condena o vidraceiro a conviver muitas vezes com práticas inseguras, desperdício, dificuldades para seguir normas técnicas e insatisfação do consumidor final com a qualidade dos serviços. 

 

Além da formação de mão de obra, que outros desafios têm sido enfrentados pelo setor vidreiro na Bahia e Sergipe? 
O mercado do vidro é complexo. Todos – fabricantes, temperadores, distribuidores, vendedores, instaladores, etc. – dependem uns dos outros e têm papel importante no consumo amplo, correto e seguro do vidro. 

 

Como avalia a evolução do consumo do vidro no Brasil e, especificamente, na região Nordeste?
O consumo de vidro no Brasil é muito menor do que poderia ser. Estudos de mercado projetam um crescimento do consumo de vidro de até 10% ao ano até 2020. No Nordeste, porém, o consumo por habitante é muito menor do que no Sul e no Sudeste. Isso permite sermos otimistas com relação ao crescimento do consumo de vidro na Bahia e em Sergipe, acompanhando a curva do crescimento econômico e da construção civil. Além disso, um outro aspecto pode ser observado: se quem constrói passar a cumprir a norma para utilização de vidro em obras (NBR 1799), veremos que o consumo crescerá substancialmente. Isso pelo fato de que ainda se consome muito vidro errado, fora da especificação. Os mercados consumidores – pessoas físicas e jurídicas – precisam ser orientados a consumam vidro da forma correta. Os vidraceiros precisam entender que essa luta é sua, pois afeta o volume global de faturamento do setor. Por isso, a Adevibase vem tentando disseminar essa discussão juntos aos associados e incentivar a conscientização geral. 

 

Fale sobre o atual programa de treinamento de vidraceiros promovido pela Adevibase. Quais as metas e o grau de abrangência desse treinamento? 
O Programa Capacita Adevibase engloba quatro cursos abordando técnicas em vidros temperados com duração de três dias, em Salvador, Vitória da Conquista, Feira de Santana e Aracaju. Uma das metas é formar em média 240 profissionais qualificados para o setor.

 

Como avalia a relação da Adevibase com os processadores de outras regiões? 
Nossa interação com os processadores de todo o Brasil é muito forte, pois a Adevibase tem um cargo de diretoria na Abravidro, que reúne todos empresários do ramo e com isso participa de importantes decisões do setor.