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Arquitetura e Vidro

Simbiose cultural

No Instituto Inhotim, obras incrustadas na vegetação nativa aliam arte, natureza e tecnologia vidreira

13/05/1950

de eucaliptos, cena a partir da qual o artista construiu uma complexa narrativa sobre o conflito entre Ogum, senhor orixá do ferro, da guerra e da tecnologia, e Ossanha, o orixá das florestas, das plantas e das forças da natureza. “De Lama Lâmina” é

Visitar o Centro de Arte Contemporânea do Instituto Inhotim é uma experiência única. Localizado em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, o espaço cultural ocupa mais de 100 hectares, em uma área marcada pela simbiose entre arte, cultura, educação e natureza. Em meio a uma rica vegetação onde o Cerrado e a Mata Atlântica se encontram, o visitante entra em contato com um acervo botânico formado por espécies raras, algumas delas encontradas somente ali. “Visitas educativas em grupo são organizadas com frequência, no intuito de propiciar aos visitantes uma oportunidade de avaliar a diversidade do jardim botânico, de exercitar uma reflexão crítica sobre o tema e de interagir com a singularidade do ambiente”, explica Roseni Sena, diretora do Instituto.

 

 

 Em meio a esse amplo terreno, permeado por vegetação nativa e paisagismo inspirado em Burle Marx, encontra-se um grande conjunto de instalações e obras de arte de grande porte. Criadas por artistas do mundo todo, as obras estão cravadas no topo de montanhas ou embrenhadas na Mata Atlântica. Um dos grandes destaques desse museu a céu aberto do Instituto Inhotim é o “De Lama Lâmina”, projeto do conceituado artista americano Matthew Barney que teve origem numa performance realizada em parceria com o músico Arto Lindsay, no carnaval de Salvador de 2004. 

 

 

“Por obras como essa, o Inhotim amplia o conceito do que vem a ser um centro expositivo e consolida sua singularidade como um espaço de arte contemporânea diferenciado de todos os outros museus do mundo”, afirma Roseni. Incrustada na mata, a escultura de Barney está instalada dentro de enormes domos geodésicos, em meio a um bosque de eucaliptos, cena a partir da qual o artista construiu uma complexa narrativa sobre o conflito entre Ogum, senhor orixá do ferro, da guerra e da tecnologia, e Ossanha, o orixá das florestas, das plantas e das forças da natureza.

 

 

“De Lama Lâmina” é a primeira instalação permanente desenvolvida por Matthew Barney para uma instituição museológica. A experiência de deslocamento é parte fundamental do projeto. Após percorrer um caminho sinuoso para chegar até a obra, o visitante depara com um cenário aparentemente inacabado: dois domos geodésicos de aço e vidro, acoplados um ao outro, em meio a montanhas de minério de ferro e árvores derrubadas.

 

 

Do lado de dentro, o espaço é tomado por um enorme trator que ergue uma árvore de resina. Com diâmetros de 10m e 15m, as cúpulas geodésicas de vidro foram executadas pela Avec Design, com o sistema Ecoglazing, que dispõe de uma tecnologia capaz de simplificar as etapas de instalação mesmo em geometrias mais complexas. Patenteado pela empresa, o sistema usa um caixilho sintético em borracha de silicone de alta consistência HTV (vulcanizados a alta temperatura), que substitui os convencionais caixilhos metálicos nos fechamentos ou revestimentos.

 

 


“Os painéis de vidro foram emborrachados pelo método VES (vidro encapsulado em silicone), recebendo em suas bordas perfis de puro silicone de alta densidade, com a dureza, cor e formato adequado a sua aplicação final”, informa o diretor da Avec Design, José Guilherme Aceto. O projeto recebeu, ao todo, 800m2 de vidros laminados refletivos de 10mm, dourados, aplicados diretamente sobre estruturas geodésicas tubulares de aço patinável (com liga de cobre), de modo elástico e definitivo. Trata-se de um laminado com metalização PR 108, com 8%de transmissão luminosa, informa Aceto. As chapas foram fabricadas pela Fanavid e cortadas e lapidadas pela Vidraçaria Iguatemi.

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