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Arquitetura e Vidro

Subindo a serra

Arquiteto transporta seu escritório em São Paulo para as montanhas de Minas Gerais e transforma o balcão original em refúgio de final de semana

27/10/1950

Projeto do arquiteto Carlos Verna

“Eu quero uma casa no campo, onde eu possa ficar do tamanho da paz.” Quem nunca se identificou com os versos da bela canção de Zé Rodrix e Tavito, imortalizada na voz de Elis Regina?  Desde os tempos mais remotos, a romantização de paisagens e elementos rurais pontua a história da literatura, da arte e das civilizações. No caso do arquiteto Carlos Verna, a atração pelo bucólico aliou-se ao apego sentimental com o espaço para inspirá-lo a literalmente transportar o galpão de seu escritório, localizado na Vila Romana, zona oeste de São Paulo, para cidade serrana de Gonçalves, Minas Gerais. “Foi uma aventura subir as montanhas transportando uma casa. O esforço foi grande, mas valeu a pena. O galpão agora tem vista privilegiada”, comemora o arquiteto, que usa o refúgio aos finais de semana.

 

A ideia surgiu depois de uma oferta irrecusável de uma construtora para que Verna vendesse o imóvel. Como a demolição da casa ficou por sua conta, o arquiteto decidiu preservar o que lhe interessava. “Eu tinha uma relação sentimental com aquele balcão, por isso quis conservar dali peças marcantes, que me davam sensação de bem-estar”, conta Verna, que levou consigo duas portas do tipo guilhotina de metal, a estrutura metálica do telhado e todos os fechamentos de vidro.

 

Os 70 m2 de vidros planos

Os 70 m2 de vidros planos incolores foram aplicados nas faces leste e norte da casa, em caixilhos de madeira e de aço

 

As peças foram transferidas e o galpão remontado, no tamanho original, em um lote comprado por Verna em sociedade com amigos que tem 50% de sua área preservada. Junto à parte antiga, fechada em vidro, o arquiteto construiu um bloco de alvenaria para abrigar quarto e banheiro. Sem divisórias, o que estabelece a divisão dos ambientes e ajuda a definir a função dos espaços são os diferentes tipos de piso, além dos pilares de concreto que, apoiados em alicerces do tipo broca combinados com sapatas corridas, sustentam a construção.

 

Voltada para o norte, a fachada mais comprida é formada por esquadrias de madeira de muiracatiara e grandes painéis de vidro, responsáveis pela abundância de luz natural. “A valorização dos espaços interno e externo, a partir da integração da casa à forte presença da paisagem, é um dos grandes diferenciais do projeto.”, ressalta o arquiteto. “O principal intuito foi trazer a natureza para dentro da casa. O grande pano de vidro esta perfeitamente posicionado de maneira que o sol não entre no verão, mas somente no inverno.”

 

Aplicados em caixilhos de madeira e de aço, nas faces leste e norte da casa, os 70 m2 de vidros planos incolores, de 8mm, foram fornecidos pela Vidraçaria Gonçalves, a única da cidade. Para evitar a entrada de vento frio, painéis e portas de ripas de pínus garantem um fechamento hermético. 

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