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Rebatizada e com sua planta em reta final de construção, a Vivix (ex-CBVP) planeja para novembro o início de produção no Brasil

15/06/2016

Vista aérea da fábrica em fase final de construção

De cara nova, nome novo e com todo o gás. É em clima otimista e de grande expectativa que a fabricante de vidros planos Vivix, até o mês passado conhecida como CBVP, se prepara para iniciar, em novembro, sua produção interna para abastecimento do mercado nacional. A mudança de marca reflete a linha de atuação a ser adotada pela fabricante com o início das operações da planta, que se estende por uma área construída de 90 mil m² no município de Goiana (PE), a pouco mais de 80 km de Recife.

 

Criada pela agência Led Project, a marca é curta, direta e sonora e remete às palavras vidro e vida. Com desenho marcante, equilibrado e estruturado, a identidade visual se associa a conceitos como estabilidade e confi abilidade. “Da mesma forma, nossa forma de atuação visa à confiança e à proximidade com o cliente, para compartilhar as dificuldades e oportunidades do setor”, afirma o presidente da empresa, Paulo Drummond. “Acreditamos que é importante ter uma forma direta e simples de dialogar com o mercado e entendemos que podemos contribuir para o desenvolvimento de toda a cadeia, além de aumentar a disponibilidade
e opções de fornecimento.”

 

Com o início das operações da Vivix, o Brasil passa a contar com seis fabricantes na base da cadeia vidreira, quatro na produção do vidro float e dois na de vidros impressos. Primeira 100% nacional, a Vivix será uma das fábricas de vidros planos mais modernas do mundo, com recursos de última geração, resultado de parcerias estratégicas e de um investimento de R$1,04 bilhão. “A Siemens e a Fives Stein, nosso parceiro tecnológico, desenvolveram todo o sistema integrado de controle do processo produtivo da Vivix”, afirma o diretor comercial da empresa, Henrique Lisboa.

 

Formada por um grupo de empresas de engenharia operando nas indústrias do vidro e do aço, controladas pelo conglomerado ‘Fives’, a Fives Stein detém uma força de trabalho de mais de 5 mil funcionários ao redor do globo. Com um faturamento em torno 1 bilhão de euros, liderou projetos de algumas das maiores e mais avançadas plantas de float do mundo. “O grupo é um dos líderes mundiais em tecnologia para fabricação de vidros planos e está presente em mais de 30 países”, comenta o diretor.

 

Lisboa informa que, com o suporte da Fives, a Vivix usará uma tecnologia inédita no Brasil, a L.E.M.™ (Low Energy Melter™), que torna o processo de fusão do vidro mais eficiente do ponto de vista energético, em comparação com a média mundial. “Nossa planta também será muito menos poluente, pois possibilitará redução signifi cativa de emissão de gases causadores do efeito estufa”, acrescenta. O diretor explica que o design de um forno de fusão de vidro com tecnologia L.E.M. tem como pilares a retenção de energia, o controle rigoroso da qualidade da combustão e da distribuição de energia dentro do forno, por meio de elevado nível de automação integrada com a cadeia de injeção de combustível e ar combustão. “Assim, possibilita um controle automático da fusão e evita desperdícios, tornando o processo mais eficiente.“

 

Outro diferencial da planta da Vivix, segundo Lisboa, será o sistema de reuso integral de água e aproveitamento de águas das chuvas. “Esse sistema é composto de circuitos de flotação e ultra filtração, capaz de possibilitar o reaproveitamento de toda a água usada no processo”, explica o diretor.


Usina integrada

 

A Vivix será uma das poucas indústrias de vidros float do mundo a utilizar o método “Mine to Line”, que consiste em controlar a fabricação do vidro a partir da extração das matérias-primas em minas próprias. Isso será possível porque, além da unidade fabril, a fabricante contará com uma usina própria de benefi ciamento de matérias-primas, instalada no município de Pedra de Fogo (PB). “Essa inovação contribuirá para a garantia de fornecimento e para a qualidade do produto final”, diz Lisboa. O conceito Lean Manufacturing está sendo aplicado desde a extração da areia até a expedição do produto final, deixando o processo mais enxuto e evitando contaminações que afetariam a qualidade do vidro. “Pela primeira vez no Brasil, o processo de fabricação do vidro float será controlado desde a mina até a linha produção”, comenta o diretor. O projeto da fábrica foi concebido para atender fielmente a esse conceito: toda a areia destinada à fabricação do vidro é extraída a 12 km do forno e beneficiada sob rigoroso controle de qualidade, garantindo que todas as características sejam mantidas dentro das especifi cações. “Após o beneficiamento, o material é transferido para a fábrica ‘justin time’, mantendo sua homogeneidade, com níveis baixíssimos de variação”, explica. Toda a operação é realizada a 1,2 m do piso operacional, desde a fusão até a expedição, em um ciclo único e contínuo. A concepção arquitetônica também apresenta diferenciais marcantes. Cercado por ampla área verde, o complexo industrial da Vivix foi projetado por uma equipe de arquitetos alemães especializados em plantas de vidro float. que buscaram simplicidade, beleza e a modernidade, garantindo flexibilidade de estoque e eficiência produtiva. “O nível do piso operacional foi preservado desde a fusão até a expedição, e a área de fabricação está preparada para atender as demandas de visitas e treinamento de clientes de toda a cadeia”, informa Lisboa.

 

Na área administrativa, um espaço especial foi reservado para o treinamento de profissionais. Ali será instalada a sede da Academia do Vidro. O forno de recozimento é outro destaque da planta da Vivix. O maior já usado na produção de vidro plano, foi dimensionado para atender a uma velocidade de resfriamento homogênea em todas as espessuras e cargas de extração. O diretor ressalta que o recozimento do vidro é uma etapa crítica do processo produtivo. É nessa fase que o vidro plano adquire as características defi nitivas de dureza e tensão, quando a massa vítrea passa do estado fluido para sólido, por meio de um processo de resfriamento controlado. “A grande extensão do forno de recozimento vai garantir a estabilidade final do vidro reduzindo as variações de tensões percebidas no processamento final feito pelo beneficiador”, diz Lisboa. E acrescenta: “Assim, o vidro produzido pela Vivix facilitará o processamento posterior, reduzindo o nível de quebras, melhorando as etapas de corte, lapidação e furação. O processo de têmpera também será beneficiado pela distribuição homogênea das tensões em toda superfície da chapa de vidro, reduzindo as quebras e tempos de setup”.

 

A capacidade de produção da unidade será de 900 toneladas/dia e a expectativa é que, a partir do primeiro ano, a empresa alcance um faturamento anual de R$ 500 milhões. Serão produzidos vidros planos incolores, coloridos, laminados e espelhos, tendo como principais clientes as indústrias da construção civil e moveleira. Quando entrar em operação, gerará 410 empregos diretos e mais de 1,5 mil indiretos.

 

Como parte do planejamento estratégico, a Vivix iniciou sua operação comercial em agost ovde 2011, pela comercialização de vidros planos importados. Isso foi possível graças a alianças com fornecedores internacionais, que permitiram, também, intercâmbio de tecnologia e a adoção das melhores práticas para a produção
de vidros planos. Para dar suporte às ações comerciais foram inaugurados, no início de 2012,dois centros de distribuição, um em Pernambuco e outro no estado de São Paulo.

 

Entrevista – Paulo Drummond – Presidente da Vivix

 

Cenário de desaceleração da atividade industrial, mercado da construção civil há um ano sem crescer. Como a Vivix avalia o momento em que vai dar inicio à sua produção industrial?

 

Avaliamos este cenário dentro da perspectiva de médio e longo prazo, de forma otimista. Existe no Brasil um grande potencial de crescimento no consumo de vidros planos, que tende a melhorar  com a capacitação de toda a cadeia produtiva, um dos objetivos que temos perseguido. Além disso, temos a oportunidade de atender com produção nacional o espaço que hoje é ocupado pelo produto importado.

 

Qual a importância da chegada da Vivix para o setor vidreiro no Brasil?

 

Nossa forma de atuação visa à proximidade com o cliente para permitir entender as difi culdades e oportunidades do setor. Acreditamos que é importante ter uma forma direta e simples de dialogar com o mercado e entendemos que podemos contribuir para o desenvolvimento de toda a cadeia, além de umentar a disponibilidade e opções de fornecimento para os clientes.

 

O que significa para a indústria brasileira de vidros planos a estreia de um player 100% nacional?

 

Significa o desenvolvimento da indústria nacional,uma vez que teremos sob controle de capital brasileiro uma tecnologia global antes dominada apenas por
empresas multinacionais. Signifi ca também foco principal no Brasil e uma forma brasileira de atuar, atendendo o mercado com proximidade e transparência.

 

Que ações a empresa programa pôr em prática para estimular o consumo do vidro, fazer com que ele seja explorado em sua capacidade máxima?
Acreditamos que a capacitação da cadeia e a regulamentação sejam imprescindíveis para a evolução do setor. Contribuiremos para o aumento da disponibilidade de oferta de vidros planos e para a intensificação da qualificação da cadeia de produtores.

 

Quais diferenciais da nova fábrica você destacaria?

A Vivix terá uma das mais modernas fábricas de vidros planos do mundo, com tecnologia inédita no País. Nosso projeto inclui diferenciais como uma estenderia
mais longa, uma linha de corte com processos mais completos, tecnologia de ponta na linha de fabricação de espelhos e laminados, além de dimensões de chapas com melhor aproveitamento de corte, incluindo as chapas jumbo.

 

Como a empresa encara a chegada simultânea de outro grande player líder mundial, a AGC?

Quando optamos por entrar neste mercado fizemos estudos aprofundados sobre o setor e desde o início contávamos com esse fato. O nosso grupo tem história e tradição de concorrer com outros players multinacionais, como já ocorreu antes em outros segmentos de mercado. A concorrência é saudável, e a chegada de empresas deporte reforça o potencial existente para ser desenvolvido no mercado brasileiro.

 

Como a Vivix avalia a capacidade instalada de produção de vidros planos no Brasil?

 

Entendemos que a oferta de produtos fabricados no País substituirá as importações e que o ajuste cambial trará a moeda para um patamar mais realista.

 

Vidros de valor agregado. Como a Vivix encara esse Vilão do mercado de vidros planos? 

 

Iniciaremos em 2014 a produção de vidros laminados e espelhos e o passo seguinte será a nossa linha coater.

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