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Vidro colorido

Com alto poder decorativo, os vidros coloridos trazem vida aos projetos e têm sido bastante explorado por arquitetos. Confira as principais técnicas utilizadas – serigrafia e pintura a frio, as vantagens, desvantagens e aplicação de cada uma delas

26/12/2016

Os vidros nem sempre precisam ter total transparência. Sua versatilidade traz muitas outras possibilidades de aplicação para além de fechamentos das aberturas de portas e janelas. Os vidros coloridos têm um alto poder decorativo e são bastante explorados pelos arquitetos, trazendo mais vida aos ambientes.

Utilizado especialmente em móveis, portas de armários, tampos de mesa, revestimentos de parede e até em fachadas, proporciona maior facilidade de limpeza em relação a outros materiais e traz um visual mais descontraído e sofisticado ao mesmo tempo, eliminando alguns tipos de manutenção, como no caso de paredes que precisam ser repintadas e azulejos que acabam tendo o rejunte danificado mais rapidamente. 

Existem basicamente duas técnicas mais comumente utilizadas para colorir as placas de vidro: serigrafia e pintura a frio. Explicamos abaixo, com a ajuda de especialistas no assunto, como funciona cada uma delas e as aplicações mais indicadas. Veja também nas próximas páginas alguns projetos para se inspirar. 

Serigrafado

Nesta técnica, a placa de vidro recebe uma pintura de desenhos ou cores por meio de uma tinta especial, o esmalte cerâmico, também conhecido como esmalte vitrificável. O esmalte cerâmico é uma combinação de frita (elemento vítreo) e pigmentos inorgânicos à base de óxidos, estabilizados em alta temperatura. “No processo de fabricação do vidro serigrafado ou pintado a quente, a imagem que se deseja aplicar ao vidro é gravada em uma tela de poliéster e transferida para a peça de vidro, por meio de emissão luminosa. Esse processo lembra o de revelação fotográfica”, conta Ariston Morais, sócio-diretor da New Temper.

Na sequência o vidro passa para um forno de têmpera, quando ocorre a fusão da tinta com o vidro, a uma temperatura que chega a cerca de 700 graus. “O vidro derrete por inteiro e a camada de vidro com a tinta é de 1,5mm. Depois disso o vidro não pode passar por mais nenhum processo. O vidro pintado pode passar por qualquer processo de beneficiamento, mas antes de ir para a têmpera”, explica Emídio Galdino Achetti, responsável pela pintura dos vidros da Mundial Vidros e Espelhos. 

O tratamento térmico resulta em uma impressão com grande resistência a riscos e manchas de gordura. O vidro serigrafado não risca e a tinta não sai. O vidro também se torna mais resistente, já que passa pelo processo de temperagem, ou seja, todo vidro serigrafado é também um vidro temperado. “O serigrafado tem funções que vão além da decorativa, é um instrumento de segurança”, ressalta Ariston Morais. “A serigrafia é também utilizada para encobrir pontos de cola e peças internas de alguns produtos. As características de transparência e translucidez, obtidas a partir de cores e desenhos aplicados, resultam em proteção de 0% a 100% de cobertura da superfície do vidro, constituindo opção de sombreamento em fachadas e coberturas”, completa.  

De acordo com Vitor Maione, diretor da Color Vidros, algumas das desvantagens do vidro serigrafado são a limitação de cor e de espessura do vidro a ser pintado, além de não poder pintar vidro curvo por este processo. 

Feixes cromáticos de luz

O Palais des Congrès em Montreal, no Canadá, chama atenção por sua enorme fachada com vidro colorido, que traz vida ao bairro histórico onde está inserido. Embora seja típico da arquitetura moderna conectar espaços interiores e exteriores com a transparência do vidro, o design Hal Ingberg desenvolveu um novo conceito que traz essa interatividade com a sensação mínima de opacidade do vidro ao mesmo tempo que cria uma divisão dos espaços por meio de uma camada colorida, estabelecendo visualmente mundos paralelos. Os vidros coloridos ainda permitem a passagem da iluminação solar, traçando feixes de luz em diversas cores no interior do palácio. 

Os vidros coloridos ainda permitem a passagem da iluminação solar, traçando feixes de luz em diversas cores no interior do palácio 

Museu em chamas

O conceito do edifício Museum at Prairiefire, localizado em Kansas, nos Estados Unidos, é reproduzir a paisagem de uma pradaria, especialmente o fogo da queima de sua vegetação. A fachada do edifício, criada pelo escritório Verner Johnson, é feita com vidro dicróico em cores diversas e painéis de aço inoxidável, formando uma composição que invoca chamas de fogo. Os vidros ainda mudam de cor conforme a iluminação, criando uma visualização vibrante, com cores variáveis e brilho ao redor do edifício.

Curvas coloridas

A fachada do Instituto de ensino Kolkata, na Índia, é constituída por um envidraçamento ondulado cromático formado por duas camadas de 5 mm de vidro curvo transparente, cada uma com uma camada intermediária de PVB de 1,2 mm de espessura que controla os raios de sol. A fachada torna-se mais dinâmica durante a noite quando as luzes internas estão ligadas e criam um efeito hipnotizante. 

 

Contraste de cores

O arquiteto de James Russell escolheu usar o vidro colorido tradicional combinado a outros elementos para criar um ambiente acolhedor com cores e texturas em uma residência na Austrália. As cores em tons de verde e azul contrastam com as cores frias do ambiente e o piso laminado pálido. A adição de cadeiras nostálgicas e arte lunática permitem que a sala tenha uma vibração que é reforçada pelo vidro colorido na parede oposta, que adiciona charme ao espaço e define a identidade do projeto. 

Ambientes internos também ganham vida, contraste e sofisticação com peças de vidro em cores distintas

Nesta residência em São Paulo foram utilizados vidros pretos pintados a frio em vários ambientes, com espessura de 10mm. “O cliente tem paixão pelo preto, então utilizei diferentes texturas com a cor pmontar a decoração dos ambientes. O vidro pintado deu um ar misterioso e destacou as paredes pintadas de grafite”, conta a arquiteta Pammela Resende Menezes.

Neste apartamento em São Paulo, a arquiteta Pammela Resende Menezes utilizou vidro colorido amarelo 10mm para revestir a parede da pia. “Não queríamos rejunte e emenda acima da pia, por isso usamos uma chapa inteira de vidro pintado. Nesta cozinha queríamos fazer algo alegre, então os móveis ficaram coloridos também”, explica.

 

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