Vidro reciclado

Vidro reciclado

Capa: Vidro reciclado

Em entrevista à Vidro Impresso, a diretora da Massfix, Juliana Schunck, conta como surgiu a empresa e explica o processo de reciclagem do vidro. Juliana também avalia como está este mercado no Brasil e a situação da política pública de resíduos sólidos, cuja lei foi sancionada há poucos dias. Além disso, ressalta os planos da empresa.

 

 

 Vidro Impresso – Quando surgiu a Massfix? 

 

Juliana Schunck – A empresa foi criada pelo meu pai há 19 anos. Antes ele trabalhava na UBV (União Brasi leira de Vidros) quando percebeu a necessidade que a empresa tinha de cacos de vidro. Então passou a captar o material dentro das vidraçarias e fazer a comercialização. Há cinco anos , pas samos também a destinar os cacos para outras finalidades que não o vidro. 

 

VI – Como é feita a reciclagem? E quais são as destinações do material?

 

Juliana – Primeiro fazemos a captação e a classificação dos vidros. Em seguida, ele é descontaminado e passa por um processo de moagem e peneiramento. A destinação  ocor re de acordo com a granulometria do material.

O vidro laminado, por exemplo, vai para as fábricas de garrafa de cerveja. O temperado vira lã de vidro. E o vidro plano pode ser agregado como fundente na composição dos esmaltes cerâmicos ou em tinta para sinalização. Também serve para o mercado de abrasivos, limpezas de peças e polimentos.

 

 

VI – Como é feita a captação do material?

 

Juliana – Temos parcerias com os grandes geradores de resíduos, lojas de autovidros, repositores e vidraçarias. Concedemos a essas empresas uma declaração de destinação das toneladas de vidros para que elas não tenham problemas ambientais futuros. Recebemos cerca de 200 a 350 toneladas de vidros por dia.

Para tanto, disponibilizamos cerca de 80 caixas de roll on/ roll off (contêineres) distribuídas em um raio de 1000 km da cidade de São Paulo. Também possuímos uma frota de 20 veículos para elaboração logística e equipe especializada neste trabalho.

 

 

VI – Quais são as vantagens da reciclagem do vidro?

 

Juliana – O processo é simples e para cada tonelada de caco de vidro limpo, obtém-se uma tonelada de vidro novo. Além disso, a inclusão de cacos de vidro no processo normal de fabricação de vidro reduz o gasto com energia: para cada 10% de caco de vidro na mistura, economizam-se 2,5% de energia necessária para a fusão nos fornos industriais, reduzindo a emissão de CO2 na atmosfera.

A reciclagem também proporciona a redução de custos de limpeza urbana e diminuição do volume do lixo em aterros sanitários nas cidades. 

 

 

VI – Como está o mercado de reciclagem no Brasil?

 

Juliana – O mercado é pouco profissionalizado e há poucas empresas que fazem esse trabalho, mas está crescendo com a construção civil. A reciclagem de
vidro plano na Espanha e em Portugal, por exemplo, é destinada para pastilhas de vidro.

No Brasil isso não está tão difundido. Nesses países, os índices de reciclagem também são maiores. As empresas fazem a coleta seletiva e a destinação. A política de resíduos sólidos no Brasil foi aprovada nos últimos dias. Até agora, ainda não há incentivos nem obrigatoriedade.

 

VI – Quais são as principais dificuldades da reciclagem de vidro?

 

Juliana – A dificuldade fica por conta dos resíduos domésticos, pois não há uma política pública para isso; só conseguimos atingir os grandes geradores.

 

VI – Quais são os planos da empresa?

 

Juliana – A ideia é crescer e abranger as novas utilizações de vidro de forma que não haja l imi tações no volume de reciclagem. A Massfix também pretende inovar no setor de reciclagem de vidros oferecendo serviços de coleta de qualidade, despertando em seus fornecedores a consciência da importância do reaprovei tamento do vidro, credibilidade e eficiência na coleta.